Neuropsicólogo
HPA Magazine 9
Apesar de não existirem fobias de voo iguais, ou seja, cada pessoa tem os seus motivos e as suas histórias pessoais para manifestar este medo, a verdade é que existem muitas descrições semelhantes: “é um suplício”, “é como entrar no inferno”, “sinto como se fosse o último dia da minha vida”, “tenho pesadelos só de pensar”.
Apesar de alguns destes desabafos serem metafóricos, a verdade é que as pessoas com aerofobia apresentam sinais físicos reais de medo e pânico: taquicardia, falta de ar, tremores, suores frios, boca seca, insónias. Estes sinais, tal como os sintomas cognitivos (pensamentos negativos) e comportamentais podem surgir no dia do voo, em situações como no-show (falta de comparência ao check-in ou não embarque) ou, em casos mais graves, semanas ou mesmo meses antes da viagem (ansiedade antecipatória). Além disso, estas situações podem afetar tanto pessoas que nunca voaram, quanto passageiros aéreos frequentes.
Existem várias terapias para combater ou diminuir as fobias. Nos últimos anos a Realidade Virtual, com óculos 3D e monitorização bio feedback (auto regulação através de medidas fisiológicas) tem evidenciado bons resultados.
Este método inovador exige um confronto direto com a fobia, cujos protocolos de tratamento são ajustados às idades - crianças ou adultos -, sendo condição importante a distinção entre realidade e fantasia, assim como ausência de diagnóstico de epilepsia.
A finalidade por detrás do tratamento de exposição é enfrentar gradualmente as situações temidas, a fim de praticar a resposta apropriada para que as reações sejam racionais e adaptativas para a situação, no fundo criar a oportunidade de adquirir competências e interpretar a condição como não ameaçadora.
O facto de o tratamento ser realizado através de Realidade Virtual induz a sensação de segurança no indivíduo, pois está num ambiente controlado, embora o cérebro reaja como se o ambiente fosse real. Assim, torna-se mais fácil para o neuropsicólogo ajudar a pessoa, podendo aumentar a dificuldade dos estímulos de forma supra ordenada, conforme a reação do mesmo (por observação comportamental, monitorização por bio feedback e perceção do nível de ansiedade), sem que nunca aconteça algum problema (a presença do neuropsicólogo e o protocolo de trabalho que inclui as tarefas prévias e posteriores à exposição gradual, fornecem os elementos de securização necessários para o sucesso terapêutico).
Durante a terapia o doente aprende a identificar os elementos que o levaram a temer a situação, bem como as estratégias de confronto para quebrar os ciclos disfuncionais. Na experiência de exposição virtual pratica-se as estratégias de confronto até a pessoa se sentir confortável o suficiente para deixar o espaço virtual e realizar essas situações na vida real, utilizando essas novas aprendizagens.
Na condição de voo, os programas permitem definir as condições meteorológicas, a fase do processo (descolagem, voo, aterragem), o número de passageiros e a hora do dia. Além disso, esta tecnologia permite usar fotografias em 360º do Street View (a funcionalidade de navegação imersiva e panorâmica dos Google Maps), assim como descarregar vídeos em 360º do Youtube. Deste modo, existe a possibilidade de se poder voltar ao local exato por exemplo de um acidente de viação.
Existem outras fobias e/ou situações onde a Realidade Virtual tem provado igualmente eficácia: fobia de alturas (Acrofobia), aranhas (Aracnofobia), falar em público (Glossofobia), espaços abertos (Agorafobia), escuro (Nictofobia), agulhas ou tirar sangue (Aicmofobia e/ou Hemofobia) e/ou situações de desempenho (o caso de atletas em situação de competição ou alunos em contexto de provas/exames).
CONFIDENCIALIDADE
SEGURANÇA
FLEXIBILIDADE
AMBIENTE VIRTUAL
TEMPO
COMPLEMENTARIDADE