Oftalmologista
Oftalmologista
HPA Magazine 8
É frequente dizer-se que as crianças não são apenas “pequenos adultos”. De facto, a diferença de tamanho entre a criança e o adulto, também se traduz em diferenças substanciais, quer de maturação do organismo, quer fisiológicas. Da mesma forma, temos doenças (ex: infeciosas, genéticas, congénitas, do desenvolvimento), que preocupam mais os médicos quando surgem em idade pediátrica, do que em fases mais tardias da vida.
Uma das grandes diferenças entre a medicina pediátrica e a dos adultos prende-se com a impossibilidade ou maior dificuldade em verbalizarem as queixas (ex: onde dói, como é a dor) bem como a incapacidade/dificuldade de tomarem decisões por si próprios (ex: “vou ao médico hoje porque me sinto mal”). Na Oftalmologia, com doentes de todas as faixas etárias, também se colocam para o Oftalmologista, os mesmos problemas resultantes da observação do doente pediátrico.
Para além dos rastreios visuais normais após o nascimento e durante a infância (até aos 3 anos pelo pediatra e/ou médico de família e após esta idade idealmente pelo Oftalmologista), na Oftalmologia Pediátrica é também importante o tema da Urgência. Pelo perigo que pode representar para a saúde visual da criança, mas também pelo stresse e ansiedade gerados nos pais e familiares, não só pelo desconhecimento da natureza das patologias, mas também pelo cariz por vezes exuberante da apresentação de certas doenças.
De facto, uma grande parte das urgências oftalmológicas em pediatria pode ser resolvida pelo pediatra/médico de família. Porém, em certas ocasiões, pela sua gravidade ou devido à não resolução da situação, pode ser necessária a intervenção do Oftalmologista.
O Olho Vermelho é o motivo pelo qual mais frequentemente os doentes em idade pediátrica são trazidos à urgência. De uma forma geral, são situações benignas, autolimitadas (que “passam” por si próprias). Outras porém, podem ter implicações definitivas para a visão.
ENTÃO, QUANDO DEVE A CRIANÇA SER OBSERVADA PELO OFTALMOLOGISTA?
Se estamos perante um olho vermelho, com dor, secreção (normalmente ficando com as pestanas coladas), prurido (comichão), edema das pálpebras (olhos inchados), sensação de areias nos olhos, em que é afetado apenas um dos olhos (ou inicialmente um dos olhos), sem alteração da visão/baixa da visão (ex: quadro clínico de uma conjuntivite infeciosa, bacteriana ou viral), deverá ser consultado por Oftalmologista, sobretudo se após tratamento inicial pelo pediatra/médico de família não se observar evolução positiva ao fim de uma semana.
Se temos olho vermelho, a afetar os 2 olhos, em que a queixa principal é o prurido, o lacrimejo e a sensação de corpo estranho (“areias nos olhos”), associado a edema palpebral, também sem alteração da visão (ex: quadro clínico de uma conjuntivite alérgica), também deverá ser consultado por Oftalmologista e, se após tratamento inicial pelo pedia-tra/médico de família o quadro clínico não evoluir positivamente.
Em ambas as situações descritas anteriormente, a primeira avaliação poderá ser logo à partida feita pelo Oftalmologista. Porém, como já foi dito, a maioria dos casos pode ser resolvida pelo pediatra/médico de família. Esta atuação pode ainda ser seguida em situações iniciais de edema e tumoração localizadas nas pálpebras (ex: “treçolho”), as quais não implicam a obrigatoriedade de uma observação urgente por Oftalmologista (apesar de implicarem observação por um médico).
Em todas as situações em que exista fotofobia (não conseguir encarar a luz), dor intensa ocular, blefarospasmo (não conseguir abrir os olhos), alteração da visão (visão turva, perda de visão), edema palpebral com encerramento total da fenda palpebral (pálpebras inchadas com olho fechado), alteração/assimetria do tamanho da pupila (“menina do olho”) e/ou da cor da pupila (ex: “pupila branca” - leucocoria), protusão do globo ocular (olho mais saído), ou alteração recente do movimento dos olhos (começar a “entortar os olhos”, como num estrabismo), a observação pelo Oftalmologista deverá ser feita o mais rapidamente possível, devido à enorme plêiade de patologias compatíveis com estes sinais/sintomas, com potencial para deteriorar de uma forma definitiva a visão, algumas de uma forma bastante rápida (ex: uveíte, glaucoma congénito, celulite orbitária, úlcera infeciosa da córnea, retinoblastoma). Todas as situações de traumatismo ocular, de uma forma geral, deverão ser alvo de observação pelo Oftalmologista, especialmente se associados aos sinais e sintomas anteriormente enumerados.
CONHEÇA OS SINAIS DE ALERTA NO ADULTO
No adulto, alguns sintomas oculares são mais importantes que outros, permitindo que os categorizemos relativamente ao grau de gravidade/urgência.
De forma imediata, para evitar complicações e evitar perda de visão irreversível, quando sente:
Margem de 1–2 dias para consultar o Oftalmologista:
A consulta ao Oftalmologista pode esperar até 2 semanas:
VEJAMOS AGORA AS SÍNDROMES OCULARES MAIS FREQUENTES
> OLHO VERMELHO (HIPERÉMIA OCULAR)
Estima-se que seja o sintoma ocular mais frequente, sendo as suas causas variadas e podendo ser originado quer por uma conjuntivite aguda viral ou ser a manifestação de grandes emergências oftalmológicas, como o Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado
Patologias Associadas e Grau de Urgência
Hemorragia Subconjuntival – sem traumatismo; Conjuntivite
Aguda Viral / Conjuntivite Alérgica; Olho seco
Conjuntivite Aguda Bacteriana; Queratoconjuntivites; Úlceras Corneanas; Queratites; Corpo Estranho Ocular; Uveítes; Epiesclerite;
Traumatismo Ocular; Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado; Esclerite; Paciente com cirurgia ocular realizada há menos de 30 dias.
> DOR OCULAR
Geralmente está associada ao sintoma anterior. Mediante o tipo e a duração, assim como a exploração oftalmológica realizada pelo Oftalmologista, poderemos diagnosticar diferentes patologias.
Patologias Associadas e Grau de Urgência
Olho Seco.
Conjuntivite Aguda Bacteriana; Queratite Herpética;Úlceras Corneanas; Queratites; Corpo Estranho Ocular; Uveítes; Epiesclerite.
Traumatismo Ocular; Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado; Esclerite; Paciente com cirurgia ocular realizada há menos de 30 dias; Nevrite Óptica (dor associada ao movimentos oculares).
> PERDA BRUSCA DE VISÃO
Ao contrário dos dois sintomas anteriormente mencionados, a perda de visão brusca geralmente não esta associada nem a dor nem a hiperémia ocular. Ainda assim, patologias como as Queratites, o Glaucoma Agudo de Ângulo Fechado ou outras, podem constituir exceções ao anteriormente dito. As causas mais comuns de perda de visão irreversível como os Descolamentos de Retina, assim como a Retinopatia Diabética Grave ou as Patologias Vasculares Retinianas, não apresentam nem dor nem hiperémia ocular, o que leva por vezes os pacientes a atrasarem a procura de atenção especializada resultando em perda de visão irreversível.
Patologias Associadas e Grau de Urgência
Astenopía Acomodativa; Maculopatias Várias (início geralmente lento).
Conjuntivite Aguda Bacteriana; Queratite Herpética; Úlceras Corneanas; Queratites; Corpo Estranho Ocular; Uveítes; Epiesclerite.
Descolamento de Retina; Hemorragia Vitreo Retiniana; Traumatismo Ocular c/ Complicações na Retina; Neuropatia Óptica Isquémica; Nevrite Óptica; Paciente c/ cirurgia ocular realizada há menos de 30 dias Uveites PosterioresPaciente com cirurgia ocular realizada há menos de 30 dias; Nevrite Óptica (dor associada ao movimentos oculares).