Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Mestre em Enfermagem
Enfermeira Responsável
Enf.ª Cláudia Ribeiro
HPA Magazine 23 // 2025
O sono desempenha um papel essencial na recuperação física e emocional. No entanto, as condições da UCI, como alarmes constantes, o barulho dos equipamentos médicos e as intervenções noturnas, podem levar à privação de sono, aumentando o risco de complicações como o delirium, alterações cardiovasculares e desequilíbrios emocionais 3,4. Por isso, é fundamental adotar medidas que minimizem esse impacto e permitam que o paciente descanse adequadamente 1,3.
Uma das abordagens mais eficazes é a redução do ruído, ajustar os alarmes para níveis menos perturbadores, evitar conversas desnecessárias nas proximidades dos pacientes e recorrer a dispositivos como tampões auditivos ou a utilização de white noises são passos simples que podem fazer uma grande diferença 5. A iluminação também deve ser ajustada para respeitar o ritmo circadiano: diminuir a intensidade da luz à noite e permitir a entrada de luz natural durante o dia ajuda a regular o ciclo de sono e vigília 5,6.
Outro aspeto importante é realizar-se um planeamento rigoroso dos cuidados a prestar ao paciente. Sempre que possível, os procedimentos devem ser agrupados e realizados durante o dia, evitando interrupções desnecessárias durante a noite, o que contribui para a melhoria da qualidade do sono 6.
Os pacientes em situação crítica experienciam frequentemente sentimentos de ansiedade, angústia e medo, que podem dificultar o relaxamento. Para se tentar promover um maior relaxamento, pode recorrer-se a técnicas como massagens, relaxamento e musicoterapia, pois, são estratégias que ajudam a reduzir o stress e a facilitar o descanso efetivo dos pacientes 3,5. Além disso, o apoio emocional é crucial, o enfermeiro, pela sua proximidade e contacto direto com o paciente, desempenha um papel fundamental, através da comunicação e relação de confiança que estabelece com o paciente, assim, este, consegue sentir-se mais seguro 3,5,7,8.
O sucesso destas medidas depende, no entanto, do trabalho em equipa. A sensibilização de todos os profissionais da UCI para a importância do sono e para as estratégias que o promovem é essencial 1. Cabe aos profissionais de enfermagem, por estarem mais próximos dos pacientes, liderar este esforço, educando os seus pares e garantindo que as práticas adotadas respeitam as necessidades de cada paciente 3,5,7.
Promover o sono na UCI é mais do que uma questão de conforto, é uma componente fundamental do processo de recuperação. Com ajustes simples no ambiente, organização dos cuidados e apoio emocional, é possível criar condições que favoreçam um sono reparador, melhorando não só a saúde física, mas também a qualidade de vida dos pacientes. O papel do enfermeiro, neste contexto, é indispensável, assegurando que cada intervenção tem como objetivo o bem-estar e a recuperação plena de quem está sob os seus cuidados 3,5,7-9.
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