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Dra. Conceição Saldanha

Diretora Adjunta do Laboratório de Anatomia Patológica e Responsável pela Área de Citopatologia

Dra. Conceição Saldanha

Dra. Mariana Costa

Manager da Patologia Molecular


 

Dra. Mariana Costa

Novas estratégias no rastreio do cancro do colo do útero 

HPA Magazine 23 // 2025

 

O carcinoma do colo do útero (CCU) é ainda uma das neoplasias mais prevalentes em todo mundo, apesar de ser um dos carcinomas mais estudados e com maior decréscimo de mortalidade e incidência nos últimos anos. Em Portugal, em 2020 a incidência padronizada para a idade foi de 10,7/100.000 e a mortalidade 3,2/100.000.

 


Novas estratégias no rastreio do cancro do colo do útero


 

Em novembro de 2020 a OMS lançou um repto mundial para acelerar a eliminação do CCU assente em três estratégias primordiais: vacinação, rastreio e tratamento. A implementação bem-sucedida destes três pontos e o cumprimento destas metas, poderão reduzir o surgimento de novos casos em mais de 40% e evitar 5 milhões de mortes até 2050.
O rastreio do CCU, utilizando como método de deteção a citologia, contribuiu para um declínio da incidência e mortalidade por CCU nos últimos 60 anos. No entanto, foi o aparecimento das técnicas de Biologia Molecular que revolucionou o estudo do CCU, confirmando que a infeção por HPV é a principal responsável pelo desenvolvimento da carcinogénese do colo uterino, que se inicia por uma infeção aguda por um ou mais subtipos víricos carcinogénicos de HPV. A vacinação foi decisiva no decréscimo da incidência de cancro, mas tem trazido também novos desafios devido à substituição dos subtipos víricos mais frequentes, e levando à necessidade de utilização de novos testes de genotipagem de hr-HPV (alto risco).
A evidência científica revelou, nos últimos anos, que o rastreio com teste de HPV superou a citologia em sensibilidade, contribuindo para uma melhor prevenção do CCU. Os resultados dos testes de rastreio como citologia e hr-HPV detetam situações de infeção cujo risco de progressão de doença é mínimo. Como consequência, após o rastreio são necessários exames adicionais de triagem para um esclarecimento fiável, como genotipagem alargada de hr-HPV, CINtec® PLUS ou hipermetilação (epigenética). A colposcopia, com biópsia se necessária, é um procedimento obrigatório para avaliar pacientes com colo do útero clinicamente suspeito.
Deste modo, o desafio primordial do rastreio do CCU é a identificação de lesões com potencial evolutivo. De forma a evitar desconforto e ansiedade (tanto da paciente como do clínico), e tendo em conta uma abordagem cada vez mais conservadora, considerando potenciais interferências no futuro obstétrico da paciente, é necessário providenciar um teste fidedigno que permita uma recomendação mais clara e objetiva, assegurando a ausência de doença significativa e/ou retardando a necessidade de exames de seguimento.
Uma infeção provocada por HPV pré-existente pode levar à instabilidade genética das células infetadas e consequentemente ao desenvolvimento de cancro do colo do útero. No decurso da carcinogénese ocorrem alterações, designadamente dos padrões de metilação do DNA, que têm demonstrado o seu potencial clínico como biomarcadores preditivos da evolução da doença. O GynTect® é um teste rápido e não invasivo para o esclarecimento de anomalias no rastreio do cancro do colo do útero, facilitando decisões clínicas de follow-up e avaliação da necessidade de colposcopia. Para este teste é utilizada uma citologia cérvico-vaginal ou citologia da cúpula vaginal colhida em ThinPrep®. O ensaio GynTect® reconhece seis áreas do genoma humano que só se encontram metiladas na oncogénese. Um resultado negativo de GynTect® exclui um diagnóstico de cancro no momento do teste, e se existir displasia é altamente improvável a sua progressão. Um resultado de GynTect® positivo é preditivo de lesão precursora maligna ou cancro, sendo recomendado aconselhamento clínico imediato.

O teste GynTect® revela uma elevada sensibilidade e especificidade na deteção de lesões CIN3+. O GynTect® é menos sensível à deteção de lesões CIN1 e CIN2, pelo que estes resultados devem ser avaliados considerando que muitas destas lesões regridem espontaneamente, especialmente em mulheres mais jovens.
Os estudos indicam que o GynTect® detetou com fiabilidade todos os cancros do colo do útero e que as lesões com um resultado negativo de GynTect® não progridem para carcinomas. Esta abordagem não só reduz custos como também tem a capacidade de mitigar a ansiedade, o sobre diagnóstico e o sobre tratamento. No Eurogin 2024 foi também apresentado pelo departamento de Biologia Molecular do Laboratório de Anatomia Patológica (LAP) da Unilabs um estudo, cujas conclusões sublinham o potencial do teste de metilação: melhorar a eficiência e acuidade dos testes de rastreio de cancro do colo do útero.

De todas as estratégias de triagem mencionadas, a metilação é aquela que melhor correlação apresenta com o processo de oncogénese potenciando um maior valor prognóstico. 
O LAP tem uma vasta equipa de patologistas diferenciados e dedicados às diferentes áreas da especialidade. O serviço de patologia ginecológica oferece citologia e histopatologia diagnóstica de alta qualidade em citologias, biópsias e ressecções do trato urogenital. A Unilabs possui ainda uma equipa multidisciplinar altamente especializada na condução de estudos de Biologia Molecular composta por médicos, biólogos e técnicos qualificados, sendo possível com este apoio, oferecer orientação mais precisa no seguimento das pacientes.

Referências Bibliográficas // References
Consensus Guidelines for the Management of Abnormal Cervical Cancer Screening Tests by the SPCPTGI. Pedro A, Pacheco A, et al.  Acta Med Port [Internet]. 2023 Jan. 23 [cited 2024 Dec. 12]; 36(4):285-9.
Evaluation of host gene methylation as a triage test for HPV positive women - a cohort study: P. Baptista, M. Costa, J. Hippe, C. Sousa, M. Schmitz, A. Silva, A. Hansel, M. Preti JLGTD (2024).
Evaluation of a host DNA methylation panel in a high HPV prevalence cohort. C. Sousa; C. Saldanha; M. Costa; S. Esteves Eurogin Poster (2017).
Triage of hrHPV-positive women: comparison of two commercial methylation-specific PCR assays: Dippmann et al, BMC (2020).
Performance of a six-methylation-marker assay on self-collected cervical samples – A feasibility study: Klischke et al, Journal of Virological Methods (2021).
Psychological distress in cervical cancer screening: results from a German online survey: M. Jentschke et al, Archives of Gynecology and Obstetrics (2020).
Studie zu CINtec Plus und cobas HPV im Vergleich zu GynTect: Schmitz et al, BMC Cancer (2018).
A Promising DNA Methylation Signature for the Triage of High-Risk Human Papillomavirus DNA-Positive Women: Hansel et al., PLOS ONE (2014).