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Enf.ª Nadine Candeias Gonçalinho

Enf.ª Nadine Candeias Gonçalinho

Enfermeira em Estágio do Curso de Mestrado em Enfermagem na área de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica na Pessoa em Situação Crítica

Enf.ª Patrícia Santos

Enf.ª Patrícia Santos

Enfermeira Especialista
da Unidade Local (UL) do PPCIRA do Grupo HPA Saúde



 

A higiene das mãos como precaução básica de prevenção e controlo de infeção.
Artigo de reflexão

HPA Magazine 23 // 2025


 

SE FOSSE O PACIENTE HOJE, QUESTIONARIA A SUA
PRÁTICA CLÍNICA EM RELAÇÃO À HIGIENE DAS MÃOS?  
SERIA A MESMA QUE GOSTARIA QUE FOSSE ADOTADA DURANTE O SEU TRATAMENTO?

 


A higiene das mãos como precaução básica de prevenção e controlo de infeção.


 

No que diz respeito à higiene das mãos, a Direção Geral de Saúde (DGS) afirma que “a higiene das mãos é considerada uma das medidas mais importantes para a redução da transmissão de agentes infeciosos entre doentes, durante a prestação de cuidados”, e que cerca de 30% das Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) pode ser prevenida com a sua correta implementação. Para o seu cumprimento, a DGS refere que os profissionais devem manter as unhas limpas e curtas, sem vernizes, extensões ou outros artefactos, devem remover adornos e os cortes e abrasões devem ser protegidos. Devem ainda ser respeitados os 5 momentos da higiene das mãos e deve ser utilizada uma solução antissética de base alcoólica (SABA), que deve estar disponível junto do paciente. No caso de as mãos se encontrarem visivelmente sujas ou contaminadas ou em situações de contacto com pacientes com infeções gastrointestinais, devem ser lavadas com água e sabão.

ADESÃO À HIGIENE DAS MÃOS NO GRUPO HPA SAÚDE
Segundo os dados do Relatório Anual da UL-PPCIRA do Grupo HPA Saúde, referente ao ano de 2023, a taxa de adesão global à higiene das mãos foi de 81%. Este valor representa um aumento, comparativamente com o ano anterior, no qual a taxa de adesão foi de 78%. Avaliando os dados relativamente ao 1º momento da higiene das mãos “antes do contato com o paciente”, também se verificou uma melhoria na taxa de adesão. Em 2022 a taxa era de 69% e em 2023 aumentou para74%. Apesar das melhorias verificadas em ambas as taxas, as mesmas estão aquém da meta da DGS, que define uma taxa igual ou superior a 90%.
Os resultados demonstram que estamos aquém daquilo que seria o esperado. E porquê? Não raras vezes, constatamos que os profissionais de saúde continuam a não cumprir as diretrizes implementadas apesar de as conhecerem. Todos sabemos quais as implicações destas ações, mas mesmo assim, continuamos a infringi-las! O valor a pagar é muito elevado, e tem implicações em nós próprios, nas nossas famílias e na comunidade em geral. O que leva então os profissionais de saúde a não aderirem às boas práticas face à higiene das mãos?

HIGIENE DAS MÃOS E OS OBSTÁCULOS À SUA ADESÃO
De acordo com a Joint Commission International, o sucesso das iniciativas destinadas a melhorar a adesão às práticas de higiene das mãos depende de vários fatores, incluindo estratégias eficazes, elementos relacionados com os profissionais de saúde, características organizacionais, pacientes e suas famílias, bem como o ambiente externo. As estratégias eficazes abrangem a formação e educação, a implementação de sistemas de alerta, auditorias internas e o fornecimento de feedback sobre o desempenho. Os fatores relacionados com os profissionais de saúde incluem os seus conhecimentos, atitudes e comportamentos. No que diz respeito às características organizacionais, destacam-se a disponibilidade de recursos, a capacidade de liderança e o envolvimento das hierarquias numa cultura de segurança.
Por sua vez, há um estudo que mostrou que mais de três quartos das justificações apresentadas pelos profissionais de saúde para a não adesão à higiene das mãos estavam relacionadas com três domínios comportamentais: Memória, Atenção e Tomada de Decisão (44%), Conhecimento (26%) e Contexto Ambiental/Recursos (9%). Outros domínios comportamentais, como crenças sobre consequências, natureza do comportamento, competências, emoções e normas sociais, explicaram apenas 8% dos casos, enquanto 15% das justificações não puderam ser associadas a qualquer domínio.
 

Outro estudo, ao analisar os fatores que influenciam a adesão à higiene das mãos, baseando-se nos fatores identificados pela OMS, organizam-nos em três categorias: materiais, sociais e comportamentais, e institucionais. Os fatores materiais referem-se à disponibilidade de produtos e infraestrutura, como SABA, lavatórios e dispensadores próximos dos pacientes. Os fatores sociais e comportamentais dividem-se em intrapessoais, como nível educacional, conhecimentos, personalidade, cultura e religião, e interpessoais, que incluem identidade social, preocupação com a opinião alheia e papel na sociedade. Já os fatores institucionais abrangem feedback, carga laboral, reconhecimento e promoção da participação em programas de higiene, estando ligados à cultura de segurança, formação e corresponsabilização pelo controlo de infeções.
São ainda apontados como motivos para a não adesão à higiene das mãos, os fatores cognitivo-comportamentais, que incluem a falta de hábito, esquecimento, aborrecimento e inércia em repetir várias vezes ao dia os mesmos procedimentos; ceticismo acerca da importância e valor da prática dos procedimentos associados à higiene das mãos e nos seus resultados positivos; e falhas na auto eficiência.
Os dados apresentados demonstram a complexidade implicada na adesão às práticas de higiene das mãos, sublinhando que esta é influenciada por fatores individuais, organizacionais e culturais. No entanto, ao considerar o papel do enfermeiro, é fundamental reconhecer que estes profissionais devem assumir uma posição de liderança e responsabilidade na promoção de uma cultura de segurança. A higiene das mãos não é apenas uma técnica simples, mas sim um ato essencial que reflete o compromisso dos profissionais de saúde com o princípio ético da não-maleficência de Beauchamp & Childres de "primum non nocere" ou seja, “primeiro, não causar dano!
De forma a garantir a qualidade dos cuidados e uma cultura de segurança para o paciente, sabe-se que a formação e treino dos profissionais de saúde é reconhecida na área da prevenção e controlo de infeções. O desenvolvimento de planos de formação com base nas necessidades reais identificadas e assentes numa cultura de segurança do paciente, conduz a um maior envolvimento dos mesmos e consequentemente à promoção de boas práticas. Em concordância, a organização norte-americana Centers for Disease Control and Prevention considera existir uma relação favorável entre a qualificação dos profissionais de saúde e a redução da prevalência de IACS.
Ainda a propósito da formação dos profissionais de saúde na área da prevenção e controlo de infeções, a evidência considera, que embora seja fundamental para aumentar o conhecimento, a formação por si só não mantém elevados níveis de adesão. Face a esta realidade sugere-se a implementação de estratégias como a monitorização contínua das práticas, salientado a observação direta como uma importante medida.

CONCLUSÃO
A negligência ou a baixa adesão à higiene das mãos pode comprometer gravemente os cuidados prestados, e paradoxalmente, invalidar os esforços de tratamento. Além disso, percebemos que a não adesão à higiene das mãos, acarreta danos que podem resultar em infeções hospitalares, prolongamento de internamento e sofrimento evitável.
Assim, torna-se importante realçar que a segurança e qualidade dos cuidados prestados, passa pela formação e educação da equipa, pela consciencialização de todos os profissionais de saúde relativamente à importância da higiene das mãos.