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Disfunção do pavimento pélvico: 
O que é e como prevenir

HPA Magazine 23 // 2025

O pavimento pélvico é o conjunto de músculos, ligamentos e tecidos que sustentam os órgãos na pélvis. Na mulher, estes órgãos incluem a bexiga (reservatório da urina), o útero (localizado sobre a vagina) e o reto (onde se acumulam as fezes).
Podemos imaginar o pavimento pélvico como uma rede de fibras entrelaçadas. Quando esta rede falha na sua função de suporte, surgem as chamadas disfunções do pavimento pélvico, que podem manifestar-se de várias formas: incontinência urinária (dificuldade em reter a urina), prolapso genital (o conhecido "útero descaído") ou incontinência fecal (dificuldade em controlar a saída de fezes).
Embora este tema possa ser tabu para muitas mulheres, a disfunção do pavimento pélvico é uma condição bastante comum. Estima-se que uma em cada quatro mulheres venha a sofrer de algum destes problemas e que uma em cada cinco precise de correção cirúrgica.

 


Disfunção do pavimento pélvico:  O que é e como prevenir?


 

Porque é que isto acontece?
Não há uma única causa para a disfunção do pavimento pélvico. Podemos pensar no pavimento pélvico como uma torre de Jenga: ao longo do tempo, várias "peças" (como alterações musculares, genéticas ou físicas) vão sendo removidas, até que a estrutura perde a sua capacidade de suporte. Fatores como a idade, a gravidez, o parto, a genética, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade são conhecidos agressores do pavimento pélvico. Entre estes, o parto vaginal é o principal fator de risco modificável, sendo que cerca de 20% das mulheres que têm partos vaginais apresentam lesões graves e irreversíveis nos músculos levantadores do ânus, fundamentais no suporte da pélvis.
A importância da avaliação médica e das guidelines
Ao longo dos anos, a avaliação clínica, o bom senso médico e as guidelines internacionais têm sido as principais ferramentas dos profissionais de saúde na gestão do risco para o pavimento pélvico. Avaliar fatores como o peso do bebé, a posição no momento do parto e a bacia da mulher permite aos obstetras identificar os casos de maior risco e agir em conformidade.
Com base nestas observações, os médicos têm adaptado a sua abordagem para minimizar complicações. Desde a decisão sobre a indução do parto, a análise do tempo de trabalho de parto até ao uso cuidadoso de procedimentos como a episiotomia, todas estas medidas têm sido essenciais para proteger o pavimento pélvico da mulher.

Ferramentas modernas para previsão de risco:
UR-CHOICE
Apesar do valor indiscutível do bom senso clínico e da experiência, a medicina tem evoluído para modelos cada vez mais centrados na informação do paciente, permitindo uma decisão partilhada entre médico e grávida. É aqui que entram as ferramentas modernas de previsão de risco, como a calculadora "UR-CHOICE".
Lançada pela Associação Internacional de Uroginecologia em 2014, esta ferramenta foi desenvolvida a partir de dados de mais de 9 mil mulheres. Com base em variáveis específicas, como idade, número de filhos e tipo de parto, a calculadora atribui um risco individualizado de disfunção do pavimento pélvico para cada grávida. Desta forma, o médico pode informar cada mulher sobre o risco de desenvolver disfunções a 12 ou 20 anos após o parto, permitindo-lhe tomar decisões informadas sobre o tipo e o momento do parto.
Esta ferramenta permite, assim, uma personalização do aconselhamento e tranquiliza as grávidas que apresentam um risco reduzido, ao mesmo tempo que dá a possibilidade de medidas preventivas mais dirigidas para as mulheres com maior risco.

 

Prevenir para evitar complicações
A prevenção da disfunção do pavimento pélvico pode começar logo durante a gravidez. Manter um peso adequado, realizar exercícios específicos e, em alguns casos, optar pela indução do parto a partir das 39 semanas, são medidas que podem ajudar a reduzir o risco de lesões. Durante o parto, há uma série de estratégias para proteger o pavimento pélvico, como o uso de compressas quentes no períneo ou o recurso à episiotomia de forma seletiva.
Nas semanas que se seguem ao parto, seja ele vaginal ou por cesariana, a prática de exercícios de reabilitação do pavimento pélvico é essencial para a recuperação da função muscular. Estes exercícios funcionam como fisioterapia para os músculos afetados, ajudando a prevenir problemas futuros. A longo prazo, hábitos de vida saudáveis, com uma dieta equilibrada rica em fibras, a prática de exercício físico regular e a manutenção de um peso adequado, são fundamentais para a saúde do pavimento pélvico.
Tratamento da disfunção
Quando a prevenção não é suficiente, o tratamento da disfunção do pavimento pélvico depende do tipo e gravidade da condição, bem como do impacto que tem na qualidade de vida da mulher. As opções de tratamento incluem medicação, fisioterapia especializada, tratamentos com Laser ou, nos casos mais graves, intervenção cirúrgica. O tratamento é, em geral, muito eficaz, mas a melhor abordagem será sempre a prevenção precoce.

 

Referências/References:
Bugge, C., Strachan, H., Pringle, S. et al. Should pregnant women know their individual risk of future pelvic floor dysfunction? A qualitative study. BMC Pregnancy Childbirth 22, 161 (2022). https://doi.org/10.1186/s12884-022-04490-9
Jelovsek JE, Chagin K, Gyhagen M, Hagen S, Wilson D, Kattan MW, Elders A, Barber MD, Areskoug B, MacArthur C, Milsom I. Predicting risk of pelvic floor disorders 12 and 20 years after delivery. Am J Obstet Gynecol. 2018 Feb;218(2):222.e1-222.e19. doi: 10.1016/j.ajog.2017.10.014. Epub 2017 Oct 19. PMID: 29056536
Wilson, D., Dornan, J., Milsom, I., & Freeman, R. (2014). UR-CHOICE: can we provide mothers to-be with infor-mation about the risk of future pelvic floor dysfunction? International Urogynecology Journal, 25(11), 1449–1452. doi:10.1007/s00192-014-2376-z