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Dr. Paulo Vieira de Sousa 

 

Cirurgião Geral e Coordenador do Departamento de Cirurgia
Diretor Clínico do HPA Gambelas
Presidente do Conselho Médico

Dr. Paulo Vieira de Sousa

O papel da cirurgia geral na disfunção do pavimento pélvico

HPA Magazine 23 // 2025

 

A disfunção do pavimento pélvico é uma situação que afeta homens e mulheres e se pode manifestar por uma diversidade de sintomas, entre as quais são mais conhecidas as queixas urinárias, ginecológicas e defecatórias. Tem grande impacto na qualidade de vida, interferindo de forma incapacitante através da perda de controlo da micção e/ou da dejeção, dor, restrição na deambulação, instabilidade emocional, isolamento social e distúrbios do sono. Alguns estudos referem que o seu impacto na saúde e na vida quotidiana, é similar ao impacto de doenças crónicas como o acidente vascular cerebral, o cancro, a diabetes ou a demência. É uma situação frequente, calculando-se que cerca de 50% das mulheres acima dos 55 anos sofrem de um ou mais problemas causados pela disfunção do pavimento pélvico, cujas condições mais prevalentes são a incontinência de urina e/ou de gases/fezes e os prolapsos. 
Apesar destas estimativas, apenas uma minoria dos doentes procura ajuda, por inibição em expor as queixas, ou por desconhecimentos dos recursos terapêuticos. 
Nos últimos anos, tem havido mais sensibilidade dos doentes e dos profissionais de saúde para esta condição, acompanhando avanços no campo terapêutico, sobretudo nas técnicas cirúrgicas, que se tornaram mais simples e mais individualizadas. 
O tratamento deve ser discutido por uma equipa multidisciplinar e decidido em função de cada doente e da avaliação do seu contexto e do respetivo distúrbio, podendo ir das medidas dietéticas e exercícios específicos, fisioterapia de reabilitação do períneo, uso de medicamentos e de dispositivos, à cirurgia por técnicas mini invasivas, seguras e muito eficazes.

 


O papel da cirurgia geral na disfunção do pavimento pélvico


 

O QUE É O PAVIMENTO PÉLVICO?
 O Pavimento Pélvico designa o conjunto formado por músculos, fáscias e ligamentos, localizados na parte inferior da cavidade abdominal, que suporta os órgãos pélvicos, mantendo-os na sua posição anatómica e preservando a sua boa função. Assim, o pavimento pélvico é importante para a continência urinária e fecal e, também, para o desempenho sexual. Funcionando em conjunto com outros grupos musculares, incluindo o diafragma. O pavimento pélvico tem, igualmente, uma função essencial na estabilidade lombo-pélvica. Deste modo, devemos entender o Pavimento Pélvico como um todo, sujeito a trabalho contínuo ao longo da vida, cuja disfunção inclui um grupo de condições, com origem na fragilidade ou lesão de algum dos seus componentes muscular ou neurológico, que se manifestam nas funções urinárias, defecatórias e sexuais.

QUAIS OS SINTOMAS E OS PROBLEMAS QUE PODEM ESTAR RELACIONADOS COM ESTE DISTÚRBIO?
 Pode haver sintomas diferentes, dependendo do tipo de disfunção. Um pavimento pélvico fraco e laxo, pode acompanhar-se de incontinência urinária, prolapso dos órgãos pélvicos (“algo a sair pela vagina”; útero, bexiga ou reto), ou sensação de peso, dor ou diminuição das sensações no ato sexual, alterações do orgasmo, incontinência de gases ou fezes. 
Por outro lado, o aumento da tensão muscular, levam à rigidez desta região, traduzindo-se por dor pélvica crónica, dor no esvaziamento da bexiga, incontinência urinária, dor nas relações sexuais, obstipação ou falsas vontades, dificuldade ou dor ao evacuar. 
QUAIS OS FATORES DE RISCO PARA DISFUNÇÃO DO PAVIMENTO PÉLVICO?
Situações como alterações posturais, obesidade, tabagismo, asma, tosse crónica, desportos exigentes, trabalhos que exijam manusear cargas, muito tempo em pé, obstipação crónica, com muito esforço para evacuar, podem causar disfunção devido a um aumento de pressão.
A gravidez e o parto são fatores de risco muito frequentes, quer pelas alterações posturais e pelo aumento de pressão intra-abdominal durante a gravidez, quer pelo parto em si. O parto tem consequências pélvicas, sobretudo quando é por via vaginal, demorado e complicado, ou com recurso a fórceps ou ventosa. Acontece ainda que, às vezes, no pós-parto não se respeita o tempo de recuperação, retomando-se tarefas pesadas quando o corpo ainda não está preparado.
A idade, só por si, é um fator de risco, pois acompanha-se de menor qualidade do tecido colagénio, levando a maior mobilidade dos ligamentos que suportam as vísceras, o que aliado ao enfraquecimento muscular, pode conduzir às primeiras manifestações de incontinência, prolapso, ou alteração das sensações sexuais.
Outras causas de disfunção pélvica incluem processos inflamatórios ou infeciosos recorrentes, traumatismos, cirurgia abdominal ou pélvica, doenças neurológicas, entre outras. 

COMO SE DIAGNOSTICAM E COMO SE CLASSIFICAM AS DISFUNÇÕES DO PAVIMENTO PÉLVICO?
O diagnóstico é feito com base na história clínica detalhada, no exame físico, nos exames complementares adequados para o diagnóstico preciso e, ainda, na avaliação necessária para a reabilitação do pavimento pélvico. 
A classificação faz-se de acordo com as manifestações.
Disfunções urinárias:
· Incontinência urinária de esforço - é a perda de urina provocada por um aumento da pressão abdominal, numa situação de esforço, como um espirro, tosse intensa, riso, salto, corrida, entre outros; 
Incontinência de urgência ou bexiga hiperativa - vontade imperiosa e, por vezes, incontrolável de urinar, com ou sem perda de urina, com frequência urinária quer diurna, quer noturna; 
Incontinência urinária mista - perda de urina associada a urgência e também esforço.
Disfunções anais:
· Perda involuntária, tanto de material fecal como de gases, ou urgência fecal.
Prolapso dos órgãos pélvicos: 
· Descida de um ou mais compartimentos e/ou órgãos pélvicos (bexiga, útero, reto).
Disfunções sexuais:
· São distúrbios nas respostas físicas sexuais, causando sofrimento e dificuldade interpessoal, que podem consistir em alteração do desejo ou interesse sexual, perda de orgasmo, vaginismo ou dispareunia.
Dor pélvica crónica:
· Dor pélvica não menstrual e sem outra causa clínica, com duração superior a seis meses, suficientemente intensa para interferir na atividade e na qualidade de vida.
 

QUAIS SÃO AS OPÇÕES TERAPÊUTICAS?
O tratamento deve ser decidido após uma avaliação meticulosa, de preferência por uma equipa multidisciplinar. A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação do pavimento pélvico, quer isoladamente, quer associada às outras modalidades terapêuticas, nomeadamente após cirurgia. 
Sendo assim o doente poderá ter indicação para:
1. Tratamento Conservador: 
· Fisioterapia/Reabilitação do Pavimento Pélvico: É o tratamento de primeira linha em grande parte das situações, sobretudo na ausência de prolapsos. Pode consistir em exercícios físicos específicos, reeducação por biofeedback, eletroterapia, etc. 
· Uso de medicamentos: relaxantes musculares, psicofármacos, laxantes, ou outros, sobretudo úteis nos casos de bexiga hiperativa, obstipação, de dor crónica e de vaginismo. 
· Outros: uso de dispositivos médicos como os pessários vaginais para manter o útero em posição, hábitos alimentares, etc. 
2. Tratamento Cirúrgico: 
Os objetivos da cirurgia visam eliminar os sintomas, corrigir a anatomia e restaurar a função de cada órgão. Está particularmente indicada na correção dos prolapsos. Nas últimas décadas tem-se dado preferência a abordagens mini invasivas, as quais proporcionam grande melhoria na qualidade de vida, são bem toleradas e têm menos complicações. A seleção da técnica cirúrgica depende do tipo de patologia, do morfotipo e da vontade expressa da doente e da evidência científica sobre os seus resultados, sendo sempre considerado o fator risco-benefício. 
 
SE INDICADAS, QUAIS OS BENEFÍCIOS E AS OPÇÕES CIRÚRGICAS EXISTENTES? 
Os dois grupos clássicos de técnicas cirúrgicas são: 
1. Técnicas de reparação do períneo, da parede anterior da vagina, ou da parede posterior da vagina. 
2. Técnicas de suspensão, as chamadas pexias, que permitem manter os órgãos na sua localização anatómica. Nos anos mais recentes, foram introduzidas outras variações destas técnicas, designadas:
· Slings: mais simples, que corrigem a manifestação clínica com recurso aos próprios tecidos do doente, ou a material sintético, os quais, quando bem aplicados, apresentam poucas complicações e taxas de sucesso muito elevadas, rondando os 95%.
· POPS (Pelvic Organ Prolapse Suspension): procedimento mini-invasivo, que permite em um só tempo operatório uma abordagem intra-abdominal e trans anal realizando uma correção completa com excelentes resultados terapêuticos.
3. Outras técnicas cirúrgicas são: 
· Injeções com agentes de preenchimento: corrigem o defeito de coaptação quer por via trans uretral ou trans perineal. Permite uma melhoria transitória dos sintomas, pelo que a sua eficácia requer injeções repetidas. 
· Plastias vaginal e esfincteriana: cirurgias mais complexas que consistem na reconstrução do componente lesado.
· Neuro modulação sagrada: técnica minimamente invasiva que consiste na estimulação nervosa das raízes sagradas através de um elétrodo introduzido por via percutânea. Tem revelado excelentes resultados no tratamento de doentes com incontinência anal, atingindo sucesso em mais de 90% dos casos. 
O Grupo HPA Saúde oferece uma abordagem abrangente no diagnóstico e tratamento desta condição e todas as manifestações a ela associadas, dispondo de uma equipa multidisciplinar vocacionada, integrando especialistas de Cirurgia Geral, Urologia, Ginecologia, Radiologia e Medicina Física e Reabilitação.
Caso necessite, marque a sua consulta. Estamos ao seu dispor para esclarecer e cuidar.