HPA Magazine 13
Se houve empresa que fez justiça literalmente ao ano de 2009 como o ano Europeu para a Criatividade e Inovação, foi o Grupo HPA Saúde, com a abertura de uma unidade hospitalar, também ela criativa e inovadora, o Hospital Particular de Gambelas, situado na capital da região.
Esta unidade, com uma arquitetura moderna e funcional, depressa se transformou no hospital de referência do Algarve, reunindo recursos humanos e tecnológicos que o mantém até hoje a par dos melhores do país.
“Um conceito que une cuidados de saúde únicos na região”, “um hospital inovador nas instalações, tecnologias e serviços”, “ a cidade de Faro fica agora mais rica no campo da saúde”, estas foram algumas das frases que a imprensa editou na altura, aquando da abertura da unidade que hoje ao comemorar 10 anos, nos traz muitas e boas memórias. Uma bonita história de sucesso e empatia, que hoje lhe contamos nas palavras daqueles que desde o início se apaixonaram e se entregaram a um novo projeto. Um projeto profissional, mas também de vida, arrojado e desafiante.
O lançamento da primeira pedra aconteceu em fevereiro de 2008 e a inauguração oficial, no dia 9 de dezembro, 18 meses de algumas inquietações, dores de cabeça, mas também de muitas alegrias e francas gargalhadas. Foi uma altura muito entusiasmante para a organização, sentia-se o envolvimento e a participação das equipas, o entusiasmo de pertencer a um projeto de raiz, que se pretendia inovador e diferenciador, recorda João Bacalhau o Presidente do Conselho de Administração e o rosto da expansão e crescimento do Grupo HPA Saúde.
O edifício foi arquitetado para proporcionar conforto e funcionalidade aos seus clientes, mas também inovação e diferenciação para os profissionais. Quando se planeia uma obra deste tipo, a monitorização do edifício e a escolha dos equipamentos são fundamentais, mas o cerne do seu resultado está nas pessoas, refere Paulo Sousa Diretor Clínico da unidade e que acompanhou todo o processo de recrutamento das equipas, sobretudo da equipa médica. Começámos com um grupo de cerca de 350 profissionais, dos quais 125 médicos, em modalidades diversas de contratação e, em menos de cinco anos, quase duplicámos esses números.
Voltando aos aspetos físicos das instalações há duas referências que merecem ser assinaladas: Gambelas terá sido dos primeiros hospitais ecológicos do país e terá sido também pioneiro em possuir informaticamente em rede toda a documentação clínica centrada no paciente, entre outras inovações.
A sustentabilidade ecológica baseou-se fundamentalmente na colocação de uma central solar fotovoltaica de última geração, refere José Ribeiro, o engenheiro responsável pelo Departamento de Instalações e Equipamentos. Este equipamento com 450 módulos solares aos quais correspondem 900m2 de painéis, com cinco inversores e um posto de transformação, permitiu-nos uma produção de energia limpa de cerca de 170MWh/ano, ou seja, permitiu-nos evitar uma emissão de CO2 na ordem das 52,7 toneladas/ano, conclui com orgulho José Ribeiro.
As inovações informáticas implementadas naquela altura, traçaram o futuro do funcionamento em rede do Grupo HPA, onde hoje se incluem mais de 20 empresas e milhares de terminais de computadores. Carlos Segundo, engenheiro informático e diretor de Sistemas de Informação salienta: implementámos pela primeira vez em Portugal, com o operador PT, uma VPLS apoiada em Fibra Ótica para a implementação da atual MPLS VPN IP, uma “nuvem” que permite a conexão numa rede única, de todo o Grupo HPA Saúde. Daí decorreu uma vantagem e uma inovação crucial para os clientes e para os profissionais: a centralização do processo clínico único, refere com entusiasmo Segundo. O surgimento do Hospital de Gambelas permitiu-nos ainda crescer e inovar noutros aspetos: foi nessa altura que implementámos a Intranet, o Data Center único, a virtualização de servidores com VMWare e o PACS centralizado, que nos permitiu consequentemente um arquivo de imagem único de todos os exames do Grupo.
O Hospital de Gambelas estava vaticinado desde o primeiro dia a ser um exemplo de qualidade e inovação, pois era-lhe colocado o desafio de ser a primeira unidade privada a sul do país com Maternidade, Cuidados Intensivos, Centro Hepatobiliopancreático, Centro de Urologia, entre outros, cujos equipamentos foram escolhidos pela inovação e diferenciação tecnológica.
A fidelização e a robustez das equipas clínicas foram determinantes para a consolidação de Gambelas, sendo um dos aspetos dos quais mais nos orgulhamos, refere Pedro Santinha, atual diretor da unidade. Esta constatação é observada no crescimento que a unidade tem manifestado; por exemplo, nos últimos cinco anos é possível observar-se incrementos na ordem dos 100% na maioria dos serviços e mesmo de cerca de 200%, como é o caso do nº de partos.
Com o passar dos anos a aposta em serviços diferenciadores continuou, cujo exemplo são o Hospital de Dia de Oncologia, a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais ou o serviço de Cirurgia Cardiotorácica.
Além do surgimento de novos serviços, Gambelas tem vindo também a reestruturar-se do ponto de vista físico e organizacional, fruto dos desafios emergentes e do seu inerente crescimento. A confiança que a população nos tem vindo a demonstrar ao longo dos anos, tem feito com que nos ajustemos a essa manifestação, refere João Bacalhau. Por exemplo, já tivemos necessidade de aumentar o espaço do Atendimento Permanente (Adultos e Pediátrico) e das Consultas Externas de Pediatria. Para breve, faremos também alterações na ala sul do 2º piso do edifício, no sentido de expandir os exames especiais e o internamento.
O Grupo de Ortopedia iniciou a sua atividade com a abertura do Hospital e, desde o início com um objetivo muito concreto: criar um grupo com estrutura de serviço, com uma prática médica colegial, fugindo à habitual prática privada individual; com discussão interpares dos casos, com uma filosofia e espírito de grupo, refere João Paulo Sousa, coordenador do departamento de ortopedia.
Temo-nos mantido féis a essa concretização, sendo já várias as etapas alcançadas, adianta. Apesar de já termos obtido a idoneidade formativa parcial, o nosso objetivo final é a obtenção de idoneidade formativa total, para que possamos enriquecer o nosso serviço com a formação de internos e, desse modo, contrariar uma prática instituída, em que a formação é exclusiva dos serviços públicos.
O serviço incorpora oito especialistas, todos formados no Algarve, estando cinco a tempo inteiro e três a tempo parcial. Da casuística fazem parte mais de 10.000 cirurgias e mais de 8.000 consultas, sendo que estas englobam além da consulta generalista, consultas de subespecialidade nas áreas do ombro, pé e tornozelo, joelho e artroplastias do membro inferior (próteses da anca e joelho).
Os números não devem ser observados de forma isolada, devem ser refletidos a par de um conjunto alargado de indicadores clínicos, de satisfação, de qualidade, mas a verdade é que nas especialidades cirúrgicas são um “valioso passaporte da experiência” e, a nossa casuística é equiparável à maioria dos hospitais de média dimensão, nomeadamente os Hospitais de Faro e Portimão, adianta João Paulo Sousa.
Esta estrutura tem permitido uma produção científica significativa com mais de trinta comunicações nacionais, particularmente no Congresso Nacional de Ortopedia, e uma dezena de comunicações internacionais, maioritariamente no Congresso Europeu de Ortopedia. Quanto a publicações, já existem três artigos em revistas de referência internacional, estando mais dois em fase avançada de produção. O ano de 2019 foi particularmente profícuo, com nove comunicações aprovadas no 39º Congresso Nacional de Ortopedia, que teve lugar em Tróia, onde fomos o serviço privado com maior número de comunicações, sétimo em geral, só suplantado por serviços universitários ou de grande dimensão.
O caminho tomado tem-nos granjeado o reconhecimento nacional e internacional, que faz com que sejamos centro de formação internacional para o sistema de instrumentação específica na prótese do joelho da Smith&Nephew© (sistema em que para cada doente são fabricadas peças específicas para a sua cirurgia). Temos recebido internos e jovens especialistas ao abrigo de um fellowship divulgado e promovido pela Federation of Orthopaedic and Trauma Trainees in Europe, cujo primeiro presidente é membro do nosso serviço. E de maior relevância, conforme já referido, recebemos a acreditação do Colégio de Ortopedia da Ordem dos Médicos para estágios de três meses, na área das artroplastias do membro inferior para internos de ortopedia, a contar para a sua formação de especialistas.
Este facto é importante em si, mas é sobretudo, um primeiro passo para que venhamos a ter internato complementar de ortopedia no nosso serviço, devolvendo ao Algarve essa capacidade, perdida recentemente, e que tanta falta faz à prestação de serviço à população e à fixação destes profissionais na região.
Com tudo isto temos a consciência de estar a prestar um serviço de excelência à população algarvia, evitando a deslocação a outros centros.
Não tinha a dimensão, nem a dinâmica que lhe conhecemos hoje, se bem que o primeiro bebé tenha nascido logo nos primeiros dias da sua inauguração.
Começámos timidamente, mas rapidamente fomos conquistando o nosso lugar na natalidade do Algarve, refere Patrícia Sancho, responsável pela equipa de enfermagem.
Na altura, não tínhamos o corpo clínico nem de enfermagem que possuímos hoje, isso naturalmente não nos permitia assegurar um serviço 24Horas, com urgência, como temos atualmente. Com o passar dos anos, as equipas tornaram-se não só maiores, mas sobretudo mais sólidas e especializadas. No que respeita por exemplo à enfermagem, contamos com uma equipa de vinte e seis enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica e enfermeiros generalistas, que asseguram permanentemente cuidados na maternidade, no bloco de partos e no puerpério.
No corpo clínico o panorama é idêntico. São onze ginecologistas/obstetras, alguns ainda com subespecializações, em medicina materno-fetal, senologia e infertilidade, que asseguram não só uma urgência ginecológica-obstétrica 24Horas, como permitiram que o serviço crescesse para um departamento mais abrangente, que hoje por mérito se intitula Departamento da Saúde da Mulher, prestando efetivamente cuidados ao longo de todo o ciclo de vida feminino.
As equipas são de facto muito dinâmicas e dedicadas; muito focadas na qualidade dos cuidados, corrobora Ivone Lobo, a diretora do serviço. Os cuidados de excelência são para nós uma prioridade. Não só os resultados clínicos, mas também os relacionados com o conforto, o bem-estar, a satisfação. Para nós, cada bebé, cada mamã, cada família, são únicos. A equipa está preparada para responder a todas as expectativas dos casais; valorizamos cada nascimento como um momento ímpar e memorável.
A formação é outro aspeto enaltecido por estes profissionais. Além das sessões formativas semanais, realizam periodicamente cursos de simulação em urgências obstétricas. Creio que somos um dos poucos hospitais a realizar estas formações, pelo menos no formato em que as organizamos; simulamos verdadeiras urgências, com a presença de atores, cronometrando todas as decisões, por forma a atingirmos a perfeição, sem qualquer possibilidade ou margem de erro. Estes treinos são a garantia para que a nossa Via Verde da Gravidez e Pós-Parto funcione na plenitude e que também terá facilitado sermos um serviço com a acreditação internacional JCI.
// CONSULTAS DE GINECOLOGIA
// CONSULTA DE GINECOLOGIA ONCOLÓGICA E SENOLOGIA
// CONSULTA DE DECISÃO TERAPÊUTICA ONCOLÓGICA
// CONSULTAS DE OBSTETRÍCIA
// CONSULTA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE MATERNA
Assim são os meninos que passam por aqui: dos prematuros aos adolescentes, passando por todas as fases da infância. Um serviço que marcou presença desde a 1ª hora de Gambelas e cujo crescimento tem sido também notável. Em equipas, em especialização, em formação, em espaço, em suma: em respeito, solidez e fidelização.
A aposta na saúde infantil fez sempre parte da estratégia da administração, mas não será exagero dizer que os seus profissionais souberam suplantar esse desafio.
Apesar do serviço ter desde sempre instalações próprias, o seu desenvolvimento ditou alterações profundas ao espaço físico, que conta hoje com uma ala exclusiva para consultas e Atendimento Permanente, um internamento superior e, a maior das suas diferenciações: uma Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal, que se mantém como a única a sul de Lisboa, cujos parâmetros de diferenciação técnica e humana são comparáveis a qualquer unidade de renome nacional ou mesmo internacional.
Podemos dizer que nos sentimos muito confortáveis com a equipa médica e de enfermagem que possuímos, não só em número, mas sobretudo em qualificação, refere Luís Gonçalves o coordenador da unidade. Temos um quadro residente de nove especialistas, dos quais quatro são igualmente neonatologistas e, relativamente à equipa de enfermagem a situação é idêntica. São trinta e dois enfermeiros, cerca de 1/3 especializados em saúde infantil e pediátrica. Além disso, contamos com o apoio permanente de quinze auxiliares e três administrativos, além de outros profissionais como psicólogos, nutricionistas, terapeutas da fala e fisioterapeutas.
No entanto, sentirmo-nos confortáveis, não é sinónimo de acomodados, salienta. Estamos permanentemente a desafiar-nos, quer relativamente à qualidade da prestação dos cuidados, quer ao conhecimento. Os resultados dessa “inquietação” estão evidenciados pela excelência clínica adquirida através da JCI, sendo que a casuística assistencial e a adesão às nossas formações, falam por si. Neste último ano organizámos sessenta formações, incluindo a 3ª edição do Congresso da Criança que contou com cerca de trezentas inscrições. Além disso, a equipa tem marcado presença regular em congressos nacionais e internacionais, através da apresentação de trabalhos. Continuando, salienta ainda: mas tão ou mais importante é a satisfação e o reconhecimento diário dos pais e familiares das crianças que assistimos; isso sim, enche-nos de vontade, empenho e dedicação; torna-nos mais fortes e coesos, aumenta-nos a vontade de continuar a crescer e ser melhores.
A grande reestruturação do departamento ocorreu em 2014, quer com o alargamento do serviço de urgência para 24Horas, com disponibilidade permanente de pediatra e enfermeiro especialista, quer com a inauguração da Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais. Nos últimos três anos mais alterações físicas aconteceram no atendimento permanente e na consulta externa, possibilitando um crescimento assistencial anual e persistente acima dos 8%.
O apoio de cuidados neonatais são um recurso fundamental para o acompanhamento dos recém-nascidos, reforçando a segurança e a tranquilidade que os pais merecem ter neste momento tão especial das suas vidas e que dignificam um serviço que se quer de excelência, refere Patrícia Inocentes, a enfermeira responsável do departamento.
O Dr. Luís Gonçalves acrescenta ainda que a qualidade assistencial ao recém-nascido e especialmente ao prematuro é um indiscutível parâmetro de qualidade; nesse sentido, podemos afirmar que a nossa experiência tem sido totalmente recompensadora.
Creio que devemos destacar um aspeto muito importante, sobretudo quando se fala de prematuridade: os resultados só acontecem se trabalhamos com sensibilidade, paixão e dedicação. Esta é a nossa forma e a fórmula para “criar” crianças saudáveis e felizes, remata Patrícia Inocentes.
// SUBESPECIALIDADES PEDIÁTRICAS
E CONSULTAS ESPECIALIZADAS
Só iniciou funções um ano e meio após a abertura do Hospital, pela mão do Dr. António Fráguas, oncologista conhecido e respeitado em todo o Algarve, que desde 1982 trabalha para que os cuidados e tratamentos oncológicos sejam descentralizados dos grandes centros urbanos, melhorando e alargando a sua acessibilidade, mas sobretudo criando mais comodidade e qualidade de vida a estes doentes.
Membro fundador da Sociedade Portuguesa de Senologia e por isso grande dinamizador do diagnóstico precoce e tratamento do cancro da mama, conta-nos que o primeiro serviço que criou foi em Évora em 1983 e a opção de fazer o mesmo no Algarve, ao nível privado, surgiu de forma natural, já após a sua reforma da função pública.
Para o Dr. André Oliveira, o atual coordenador do serviço estes últimos anos estão a ser revolucionários na área do combate ao cancro. A chegada constante de novas terapêuticas, como a imunoterapia e as terapias alvo, a par dos seus bons resultados indicam que nos encontramos no bom caminho para o seu tratamento ou cura.
A melhoria de técnicas de diagnóstico está também neste momento em destaque. Técnicas de estudo genético, outrora dificilmente acessíveis e morosas, tornaram-se agora possíveis a qualquer paciente. Neste momento, o acesso a estudos de células tumorais circulantes e o uso de biópsias líquidas para pesquisa de mutações oncogénicas tornou-se uma realidade para certo tipo de patologias como cólon, pulmão ou melanoma.
Um aspeto determinante em toda este desempenho tem sido a investigação, que passou a estar mais facilitado com a chegada de um terceiro elemento, o Dr. André Andraz Cruz.
A oncologia é uma das especialidades mais proativas da medicina, sendo imperativo que os profissionais conciliem a prática assistencial com a prática investigacional. Na nossa unidade temos conseguido progressivamente criar essa dinâmica, estando já a decorrer alguns ensaios clínicos (ver pág. 76).
O Hospital de Dia em regime privado assume algumas vantagens como por exemplo, o acesso facilitado e quase imediato à quimioterapia citostática nos seus diferentes protocolos, oral e endovenoso; o tempo de espera para iniciar os tratamentos é mínimo, refere Raquel Salgado, a enfermeira responsável do serviço. Outra vantagem corresponde à possibilidade de realizar tratamentos em qualquer subsistema de saúde, como a ADSE, ADM, Seguros de Saúde nacionais e estrangeiros.
Ao fim de oito anos é legítimo afirmar-se que o Hospital de Dia de Oncologia de Gambelas é uma unidade sólida, com acesso às técnicas e aos tratamentos mais recentes e disponíveis na área, onde regularmente as equipas multidisciplinares se reúnem e discutem as melhores opções terapêuticas, mas também as melhores condições de bem-estar e qualidade de vida para o doente e família.
Paulo Sousa, Diretor do Departamento Cirúrgico e também Diretor Clínico da unidade não hesita em falar desta área: temos equipas cirúrgicas muito bem treinadas, capazes de realizar intervenções com um nível muito elevado de diferenciação. Dou como exemplo algumas valências, onde o desempenho e a destreza das equipas são consideráveis e estão ao nível dos grandes centros cirúrgicos: a cirurgia hepatobiliopancreática, a cirurgia colorretal, a cirurgia cardiotorácica, a neurocirurgia e a cirurgia das próteses do joelho por instrumentação específica.
Com efeito, a par do desempenho técnico das equipas cirúrgicas, tem sido igualmente importante e de destacar o investimento por parte da Administração em equipamentos de tecnologia avançada, cuja opção tem sempre um denominador comum, que se chama segurança e possibilidade de intervir de forma minimamente invasiva.
De facto, a cirurgia minimamente invasiva por laparoscopia tem inúmeras vantagens, pois permite ao doente ser operado com menos dor, menor perda de sangue, menor tempo de hospitalização e consequentemente uma reintegração mais rápida na vida laboral e social. Os resultados estéticos são também muito melhores, pois as cicatrizes devido ao seu reduzido tamanho e número, ao fim de algum tempo tornam-se praticamente impercetíveis.
A cirurgia laparoscópica já se tornou uma rotina em Gambelas e quase todos os doentes podem ser operados por esta técnica, refere Paulo Sousa, embora esteja condicionada em doentes com problemas respiratórios graves, ou com múltiplas intervenções prévias no mesmo local. Prossegue ainda, mesmo em situações muito complicadas, como são os casos de obesidade mórbida ou das doenças oncológicas, a cirurgia laparoscópica consegue atingir resultados e taxas de sucesso superiores à da abordagem convencional, encontrando uma grande adesão por parte de doentes e cirurgiões.
Todas as especialidades cirúrgicas têm tido um desenvolvimento substancial, quer em casuística, quer em diferenciação, sendo um desses exemplos a cirurgia cardiotorácica. Com efeito, a complexidade das intervenções desta especialidade tem vindo a crescer não só nas cirurgias programadas, como nas de urgência. Na valência torácica, por exemplo, cada vez operamos mais situações de cancro pulmonar, por video toracoscopia de porta única, que é considerada uma técnica bastante diferenciada.
Finalizando, o Dr. Paulo Sousa sublinha ainda: é importante realçar que os resultados excelentes que temos nas áreas cirúrgicas, estão dependentes de equipas multidisciplinares, onde se incluem o corpo de anestesiologia e de enfermagem, do bloco e do internamento. Quero ainda destacar o apoio fantástico ao nível da unidade de cuidados intensivos, que nos permite potenciar toda a segurança necessária nestas áreas. É de facto um conjunto de recursos humanos e meios técnicos em perfeita sintonia que nos permitem executar cerca de 8.000 cirurgias por ano.
A Enf.ª Luciana Matos está desde o 1º dia em Gambelas e na coordenação de enfermagem desde há 4 anos, por isso conhece muito bem a estrutura e a sua evolução. Estes 10 anos de atividade e crescimento só foram possíveis com paixão, compromisso e perseverança. Os últimos anos foram de crescimento exponencial, que nos obrigaram a aprender muito, a amadurecer rapidamente, quer como profissionais, quer como pessoas.
Apesar das equipas serem jovens, encontramos profissionais muito dedicados e empenhados, cujos resultados se mostram pelas inúmeras manifestações de carinho que recebem por parte dos clientes. Outro fator muito importante para o desenvolvimento destes profissionais, que lhes confere a aquisição de mais e maiores competências, é a formação pós-graduada. O leque de enfermeiros com especialização e mestrados já é importante, sendo que internamente quase todas as semanas há disponibilidade de ações formativas nas mais variadas temáticas da sua prestação.
É importante que incutamos nos enfermeiros mais novos a cultura HPA, refere Luciana Matos, uma cultura onde a relação com o cliente vai para além da prestação dos cuidados de enfermagem, é uma relação de proximidade e afeto; é saber acolher e receber, é saber antecipar as necessidades.
No fundo, saber criar as condições para que a pessoa sinta que é efetivamente o centro dos nossos cuidados, o centro da nossa atenção. De forma única e personalizada.
Esta frase poderia ser o mote que carateriza a aquisição das certificações nas áreas da Gestão da Qualidade e Ambiente, bem como no âmbito da avaliação e acreditação clínica pela Joint Commission International.
A certificação pela ISO 9001, atesta que os processos, procedimentos e responsabilidades estão alinhados com as políticas organizacionais e possuem objetivos fundamentados em critérios de qualidade, cujo resultado final é o foco e a satisfação do cliente.
Esta certificação foi atingida por Gambelas num tempo relâmpago; em menos de 6 meses, a SGS reconhecia o Hospital com este atributo. É verdade, foi num tempo record que atingimos este objetivo, comenta a Dra. Ana Coelho, na altura a grande responsável por este processo. Ganhámos aqui uma vantagem; já trazíamos o know-how adquirido com o Hospital de Alvor (já certificado desde 2007) e, apesar de termos novos serviços e valências, toda a dinâmica ficou muito facilitada.
O salto para a certificação Ambiental não tardou, tendo acontecido em julho de 2012 e de forma contemporânea nas duas unidades hospitalares. Continuando, Ana Coelho refere: apesar de estarmos a falar de unidades hospitalares, onde a exigência ambiental no que respeita à gestão de resíduos é complexa, na altura, os requisitos para a certificação Ambiental pareceram-nos fáceis, quando comparados com a experiência que tínhamos adquirido com a Gestão da Qualidade. Em abono da verdade, convém referir que a atualização da norma em 2015 trouxe maiores exigências nesta área.
Paralelamente e de forma voluntária, o Hospital de Gambelas tem sido auditado desde 2013 pela Entidade Reguladora da Saúde, através do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), cujos resultados se têm revelado sempre excelentes nas dimensões escrutinadas: Excelência Clínica, Segurança do Doente, Adequação e Conforto das Instalações, Focalização no Utente e Satisfação do Utente.
Em 2018, os hospitais de Gambelas e Alvor propuseram-se à acreditação clínica pela Joint Commission International, cujas peritas da mais importante instituição internacional de Acreditação Clínica reviram o cumprimento de mais de 300 padrões de excelência e mais de 1000 parâmetros relacionados com a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados.
O Enf.º Luís Fernandes, Gestor do Departamento da Qualidade e um dos responsáveis por este processo, é perentório em afirmar: integrarmos o grupo dos hospitais mais seguros do mundo, situando-nos na região mais turística de Portugal, é motivo de orgulho para todos, não só no âmbito regional, mas também no âmbito nacional. Continuando, refere ainda: a acreditação pela JCI colocou à prova a maturidade dos nossos hospitais no que respeita à segurança e qualidade dos serviços clínicos e não clínicos, em áreas fulcrais da atividade assistencial, como são o controlo de infeção, o atendimento ou os cuidados médicos e cirúrgicos. Fomos capazes de responder a esse desafio, pelo empenho e motivação de todas as equipas envolvidas, mas também pela liderança da organização.
O futuro será traçado de acordo com a evolução que o Hospital tem manifestado e que se traduzirá numa remodelação que trará consideráveis benefícios à sua atividade, na área do ambulatório e do internamento.
O piso 0, onde funcionam as consultas externas irá sofrer alterações relativamente à alocação de alguns espaços para as diferentes especialidades, mas será no piso 2, que essas alterações serão mais significativas e observáveis, com o surgimento de um novo bloco de instalações.
Esta tomada de decisão, deve-se não só ao crescimento substancial de alguns serviços, mas também está associada à renovação de alguns equipamentos, que por si só necessitam de espaços adaptados.
Para fazer face a esta remodelação, grande parte dos serviços administrativos e financeiros passarão a estar alojados em edifícios contínuos, mas externos à unidade. Esta foi a forma mais funcional que se encontrou para ganhar espaços para a atividade assistencial. Com esta remodelação será possível melhorar o funcionamento de algumas especialidades com exames especiais, como são a gastrenterologia e a urologia, mas também mais gabinetes polivalentes de consulta e um novo espaço para o departamento da saúde da mulher. O Hospital de Dia de Oncologia vai ganhar também novas instalações, cedendo as atuais a mais um internamento. Por fim, irá ainda ser instalada mais uma ressonância magnética na imagiologia, novamente num local até agora administrativo
Esta remodelação trará vantagens substanciais, sobretudo em termos de acolhimento e comodidade. Em termos assistenciais, ganhar-se-ão espaços mais funcionais e amplos, com maior possibilidade de fazer crescer a atividade, que para algumas especialidades poderá ser superior a 30%.