Médico Especialista em Neurologia e Neurofisiologia
Consulta Especializada
de Cefaleias
Consulta Especializada
de Toxina Botulínica
HPA Magazine 12
Estima-se que cerca de 15% da população portuguesa possa ter enxaqueca e desta, cerca de 700 mil com enxaqueca grave, tratando-se por isso de uma doença altamente disfuncional e com elevadas repercussões económicas. Aliás, é considerada a 3ª doença mais prevalente e a 7ª mais incapacitante, no mundo. A precisão do diagnóstico das cefaleias e/ou enxaquecas é determinante para o sucesso do tratamento, razão porque criámos uma consulta especializada que disponibilizará tratamentos inovadores.
Cefaleias é o nome técnico para designar dores de cabeça. Cefaleia é uma dor ou desconforto na região da cabeça incluindo face. As cefaleias variam muito nas suas diferentes caraterísticas: localização, tipo de dor, intensidade, frequência, duração e sintomas associados. Em consequência dessa variabilidade, de acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleias, surgem diferentes categorias e classificações de cefaleias, contabilizando na sua totalidade mais de 300 tipos de cefaleias diferentes.
Segundo a "World Health Organization 2016", cerca de metade a ¾ da população mundial, entre os 18-65 anos, teve pelo menos um episódio de cefaleias no passado ano e destas cerca de 30% corresponderam a enxaquecas. Estima-se que cerca de 15% da população portuguesa possa ter enxaqueca e destes cerca de 700 mil com enxaqueca grave, dos quais metade terá faltado em média 3,8 dias/ano ao trabalho em consequência desta patologia. Trata-se de uma doença altamente disfuncional e com repercussões económicas – 18 a 27 mil milhões de euros são os custos estimados da doença na Europa e, nos Estados Unidos ronda os 20 mil milhões de dólares. É a 3ª doença mais prevalente e a 7ª mais incapacitante, no mundo ("Global Burden of Disease Survey 2010").
Importante mencionar que frequentemente os pacientes podem ter mais do que um tipo de cefaleias associadas, deste modo, não infrequentemente temos num mesmo paciente enxaqueca e cefaleias tipo tensão, por exemplo.
Existem várias estruturas na cabeça – nervos, músculos e vasos sanguíneos – que podem doer quando temos uma cefaleia; mas o parênquima cerebral propriamente dito não dói.
Quando uma cefaleia resulta de uma alteração estrutural ou surge na sequência de uma patologia médica diz-se que essa cefaleia é secundária, por exemplo, as cefaleias devido a um traumatismo craniano ou a uma sinusite. Outros exemplos de causas secundárias são as cefaleias associadas a infeção, hipertensão arterial (TA sistólica > 160 mmHg e/ou diastólica >120 mmHg), arterite de células gigantes, apneia do sono e a toma excessiva de medicação sintomática para a dor de cabeça (mais de 10-15 dias por mês, consoante a medicação), durante mais de 3 meses.
As restantes cefaleias, nas quais não se descobrem qualquer causa, são designadas de cefaleias primárias e correspondem à grande maioria, cerca de 90% da totalidade das cefaleias. As cefaleias tipo tensão e as enxaquecas são as duas cefaleias primárias mais prevalentes.
Cefaleias Tipo Tensão
São as cefaleias mais comuns. O stress e a tensão muscular são dois fatores que contribuem para este tipo de cefaleias. Apesar de poderem ter sintomatologia variada, os seguintes aspetos são comuns a todas elas:
Enxaquecas
Esta cefaleia faz-se acompanhar por sintomatologia concomitante: náuseas e/ou vómitos e/ou foto/fonofobia e intensidade severa e incapacitante. Pode durar por definição até 72 horas. Pode ter várias fases, contudo nem todos os pacientes experimentam esta sequência de fases: pródromo, aura, enxaqueca em si, fase de resolução.
O diagnóstico de cefaleia é efetuado essencialmente pela história clínica e pelo exame físico/neurológico e exames complementares de diagnóstico, se pertinente. No caso de a história clínica com exame neurológico normal ser compatível com enxaqueca ou cefaleia tipo tensão, não são necessários mais exames complementares de diagnóstico.
Contudo, sempre que houver suspeita de causalidade secundária devem ser pedidos exames dirigidos à suspeita clínica: análises sanguíneas, Tomografia Computorizada aos seios perinasais, Tomografia Computorizada ou Ressonância Magnética cerebral, entre outros.
A história clínica assume uma função crucial no diagnóstico e diferenciação do subtipo de cefaleia devendo por isso o doente na consulta ser o mais específico possível acerca das caraterísticas das suas cefaleias. O doente deve fornecer ao seu médico informações que o ajudem a caraterizar e diferenciar o tipo de cefaleias, tais como: a que altura do dia ocorrem? localização da cefaleia? tipo de dor? duração? sintomas associados? desencadeada por algum fator? história de ter tido algum traumatismo craniano? tem sempre as mesmas caraterísticas ou tem cefaleias diferentes e de vários tipos?
O tratamento implica o estabelecimento do diagnóstico correto do tipo de cefaleia em questão, identificar e modificar possíveis fatores de exacerbação (incluindo medicamentos), desenvolver um plano para o tratamento em fase aguda e determinar se há a necessidade de tratamento preventivo e qual.
O tratamento específico da cefaleia é baseado na idade do paciente, antecedentes médicos, tipo de cefaleia(s), a frequência e gravidade das cefaleias, a tolerância do paciente a determinados medicamentos, procedimentos e terapias.
Podem ser recomendadas medidas mais gerais no sentido de prevenir cefaleias:
Durante a fase aguda da cefaleia o doente deverá ter o seu “Kit de SOS” já bem definido, com a medicação que sabe que fará efeito e que é dado pelo seu médico assistente já previamente determinado em consulta, por vezes, não antes sem a tentativa/erro até se chegar ao medicamento ideal. Além das medidas farmacológicas, pode-se recomendar também em fase aguda o repouso num sítio sossegado e escuro (no caso das enxaquecas), aprender a lidar com o stress (exemplo a prática de yoga).
Se o seu médico optar por iniciar tratamento profilático isso significa que durante alguns meses irá tomar uma medicação diariamente com o intuito de reduzir a frequência e intensidade das crises de cefaleias, idealmente até ficar sem qualquer cefaleia. A eficácia e necessidade de posteriores acertos de medicação serão avaliadas na consulta de Cefaleias. Recomenda-se o uso de um calendário de crises para facilitar a abordagem mais global do perfil de cefaleias em causa.
Existem outros tratamentos mais específicos e direcionados a cefaleias mais particulares e, nestas podem ser opção o bloqueio de nervo occipital, aplicação de toxina botulínica ou o mais recente tratamento na profilaxia das enxaquecas (+ 4 dias de enxaqueca/mês) – o injetável mensal de anticorpo monoclonal humano do recetor CGRP. Todos estes tratamentos são disponibilizados na consulta de Cefaleias do HPA.