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Fome Emocional

Dr.ª Joana Carvalho Costa

Decerto que já se deparou com situações em que de repente tem uma fome incontrolável, ou por outra, quando está em casa naqueles dias mais cinzentos e parece que o mais confortável é estar deitado no sofá com “algo para petiscar”? Pois bem… todo este cenário tem um nome, designado de Fome Emocional.

 

Podemos sentir dois tipos de fome: fisiológica e emocional. A primeira tem uma solução mais imediata e a segunda é a causa nº1 das corridas aos Nutricionistas, mas também com solução!
Fome fisiológica ou fome física, ocorre quando se fica por um período prolongado, carente de alimentos que forneçam calorias e nutrientes, necessários para a vida e saúde do nosso organismo. Normalmente depois de algumas horas desde a última refeição (3 horas ou mais) e que pode ser acompanhada por uma sensação de “estômago colado às costas”, tonturas, náuseas, fraqueza, fraca capacidade de concentração e irritabilidade. Neste caso, o mais rápido e sensato a fazer é repor esta carência energética e comer algo, por exemplo, 1 peça de fruta ou 1 barra de cereais integrais ou 1 iogurte. Fome fisiológica é algo natural, que ocorre com todos os seres vivos e que convém estarmos atentos aos alertas do nosso corpo para não haver consequências de largos períodos sem ingestão de alimentos.
Frequentemente cada um de nós ao comer um determinado alimento, ou ao sentir um determinado cheiro recorda-se de alguma situação, ou é reportado a uma certa lembrança ou emoção. Este processo é designado por “âncoras”, que funcionam como um gatilho que ao ser acionados nos conduz automaticamente a um momento específico (reflexo condicionado).

Ora se os alimentos nos levam a emoções, o contrário também se verifica, sendo este aspeto o que despoleta a chamada Fome Emocional.

Pacientes com historial de compulsão alimentar ou outro descontrolo alimentar, referem com frequência que é sob certas emoções que esses episódios são despoletados. As emoções básicas são: tristeza, medo, raiva, alegria e afeto, e tanto as positivas como as negativas podem levar a um comportamento alimentar desequilibrado. No entanto, é mais frequente ocorrer situações de fome emocional perante fatores de stress, depressão, ansiedade ou raiva.
A grande questão é que o ato de comer está associado a fatores externos, como a vida social e não apenas a um ato fisiológico de repor a necessidade de energia e nutrientes que o nosso corpo pede.
Para aprender a comer apenas sob fome física e controlar o seu ímpeto para a fome emocional deve haver em primeiro lugar uma tomada de consciência, tanto dos sinais do seu corpo para ambos os tipos de fome, como para as situações que podem despoletar o descontrolo/excesso alimentar.
Os sinais de Fome Fisiológica, já foram descritos, no entanto devemos ter em atenção que a recomendação é de comer a cada 3 horas, logo se passar muito mais tempo é natural que vá sentir alguns dos sintomas referidos. A sugestão é planear um pouco o seu dia e levar consigo alguns snacks e deixar outros no seu local de trabalho, se for possível, assim não terá desculpa para não comer!

Relativamente à Fome Emocional, é descrita como “aquela vontade de comer só mais um bocadinho” a seguir a uma refeição ou mesmo uma vontade específica para alguns alimentos (normalmente são os doces, pão e/ou bolos) como resposta a alguma situação menos positiva ou contrariedade. E claro, é sabido que comemos com os 5 sentidos, logo o cheiro de pão acabado de sair do forno ao passar por uma padaria vai ativar o nosso centro de fome e ímpeto de comer (ainda que tenha acabado de almoçar), bem como um bolo com um aspeto fantástico na pastelaria ou ainda a mesa composta quando vai jantar a casa de algum familiar ou amigo.

São vários os fatores que podem desencadear um episódio de descontrolo alimentar. No entanto para solucionar esta questão são necessários 3 aspetos:

  • Tomar consciência do processo;
  • Perceber qual ou quais as situações que despoletam a fome emocional;
  • Encontrar as estratégias mais adequadas e pôr em prática numa base diária

Normalmente é esta questão que está por detrás de muitas questões de excesso de peso e/ou obesidade, porque o individuo encontra na comida o prazer ou a compensação para o que correu menos bem no seu dia. O problema surge quando este “ritual” se torna um hábito e cada vez que surge determinada emoção se recorre à comida. Só que este comportamento resulta numa “falsa compensação” pois não estamos a fazer bem ao nosso corpo e principalmente à nossa mente, porque associada a um descontrolo alimentar vem a culpa de ter comido demais.

Para ajudar a prevenir a fome emocional aqui ficam 7 sugestões:

  • Quando sentir fome questionar-se se é Fome Física ou Fome Emocional;
  • Quando for jantar fora de casa, prevenir a gula comendo uma sopa em casa, por exemplo, ou planear o que vai comer (caso seja possível);
  • Fazer um inventário das situações que normalmente despoletam a fome emocional (quando normalmente acontecem, o que estava a fazer, quem estava envolvido, o que comeu);
  • Depois de perceber qual o seu padrão de fome emocional identifique claramente qual ou quais as emoções envolvidas;
  • Encontrar estratégias compensatórias que não passem pela comida: ir correr, ler um livro, passear;
  • Faça um plano das suas refeições diárias e lembre-se de levar snacks para comer entre as refeições;
  • Quando for fazer compras ao supermercado traga apenas alimentos bons para si.

O complemento do Coaching à Nutrição, é fundamental para ajudar a solucionar todas estas questões da fome emocional. Um indivíduo só consegue mudar um comportamento quando percebe qual a sua verdadeira causa, bem como os motivos que lhe estão associados e, só depois estará preparado para desenvolver um conjunto de estratégias mais indicadas para mudar esse comportamento impulsivo.

Assim, com ajuda do Coaching irá perceber porque come muitas vezes de uma forma mais descontrolada e sob certas emoções.