As dores da coluna vertebral são as queixas dolorosas mais frequentes da espécie humana. Cervicalgias, dorsalgias e lombalgias são mundialmente as causas mais comuns de consultas médicas e de absentismo laboral. Estima-se que, em algum momento da vida, 85% da população desencadeará um quadro de lombalgia.
As lombalgias podem ser enquadradas em quadros clínicos bem definidos: degenerativos (por desgaste das estruturas articulares), infeciosos, fraturas vertebrais, neoplasias, etc. ou, na maioria dos casos, em quadros inespecíficos. A estes quadros mal definidos de dor axial (central), chamamos de lombalgias mecânicas.
As lombalgias mecânicas podem ser classificadas de agudas ou crónicas, sendo que estas últimas dizem respeito a uma sintomatologia superior a seis meses e correspondem a 2-7% da totalidade dos casos. Os fatores de risco são múltiplos, incluindo os relacionados com a profissão (trabalhos pesados, repetitivos), postura, excesso de peso, fatores de ordem genética e psicossociais. Estes com forte influência nas lombalgias crónicas e incapacitantes.
O diagnóstico é realizado pela avaliação clínica do doente e por estudos de imagem, de entre os quais a ressonância magnética é particularmente relevante. O objetivo do tratamento é aliviar a dor, recuperar a funcionalidade, prevenir a recorrência e a cronicidade.
As técnicas de intervenção minimamente invasivas percutâneas, guiadas por imagem – Tomografia Computorizada, Fluoroscopia e Ultrassons – permitem identificar, numa percentagem considerável de casos, as estruturas anatómicas envolvidas na génese das lombalgias inespecíficas crónicas. Os discos intervertebrais, as facetas articulares e as articulações sacroilíacas são as estruturas que apresentam maior associação com esta condição.
Estas técnicas de intervenção não se limitam ao diagnóstico; estendem-se ao tratamento e ao prognóstico, orientando o neurocirurgião para a causa da dor, permitindo-lhe tratá-la de uma forma mais direcionada, como é o caso da radiofrequência.
A radiofrequência é uma onda eletromagnética, que é aplicada através de um elétrodo de pequeno calibre, inserido por uma agulha especial, ficando exposta apenas a sua parte mais distal. Quando a corrente de radiofrequência é libertada produz calor e um campo elétrico. A radiofrequência térmica é usada para tratar a dor facetária (ao nível das facetas articulares das vértebras) ao causar a termocoagulação do nervo medial.
A radiofrequência pulsada usa o campo elétrico, mas não o efeito térmico, para provocar a analgesia e pode ter outras aplicações dado que não causa destruição nervosa.
A lombalgia com origem nas articulações sacroilíacas pode também ser tratada com radiofrequência.
Intervenção por radiofrequência realizada pelo Dr. Leandro Augusto Ribeiro Silva, no HPA – Alvor.
25 de Outubro de 2024