Com a chegada do calor, os cuidados com a nossa pele devem ser redobrados. A Dra. Bárbara Roque Ferreira, dermatologista do Grupo HPA Saúde, deixa-nos alguns conselhos sobre este alerta.
- Quais são os cuidados a ter diariamente para proteger a pele?
A pele precisa de cuidados de higiene, com regularidade, que devem ser adaptados à faixa etária, à região anatómica (face, outras áreas corporais), às características da pele (por exemplo, pele sensível, entre outras) e à eventual presença de doença de pele.
De uma forma geral, os banhos não devem ser prolongados, a água a utilizar deve ser tépida e os produtos de higiene devem ser suaves, de modo a proteger a camada mais externa da nossa pele e, assim, preservar as suas funções. Nas pessoas que têm a pele mais seca, recomenda-se a aplicação de um creme hidratante no final do banho. Deve simplificar-se tanto quanto possível a rotina de cuidados com a pele, com a utilização criteriosa de produtos adaptados a cada tipo de pele, bem como deve ser usado um protetor solar diariamente, na pele não coberta por vestuário.
A foto proteção através de protetores solares ou outros produtos de cuidados diários visa a prevenção dos danos cutâneos agudos (queimaduras solares) e crónicos (cancro da pele, fotoenvelhecimento) resultantes da exposição aos raios UV (UVB e UVA). No entanto, os comprimentos de onda para além do espetro UV, em particular a luz visível e a radiação infravermelha, podem também danificar a pele, devendo, por isso, ser considerada a escolha de produtos de cuidado da pele/proteção solar que não só protejam contra a radiação UVB ou UVA, mas também proporcionem proteção contra a luz visível e a radiação infravermelha.
Importa ainda salientar que alguns comportamentos (como o tabagismo) têm também efeitos claramente negativos sobre a nossa pele.
E no verão, que cuidados extra devemos adotar para proteção da nossa pele?
Quanto ao verão, começaria por relembrar a importância de manter as crianças à sombra e salientar que, nas crianças, a foto proteção baseada no vestuário deve continuar a ser a primeira linha de defesa, combinada com a limitação dos tempos de exposição e evitando-a nas alturas de maior risco.
O protetor solar com fator de proteção (SPF) de pelo menos 30 está indicado a partir dos seis meses, mas, em todo o caso, as crianças não devem brincar diretamente expostas ao sol e devem brincar protegidas por um guarda-sol. Embora, também se deva relembrar que a exposição à radiação UV pode acontecer debaixo de um guarda-sol (daí a importância de complementar com as indicações acima descritas, nomeadamente, a evicção do horário de maior risco).
Importa ainda lembrar que a exposição à radiação UV não acontece só na exposição solar na praia, mas em qualquer atividade no exterior (incluindo uma caminhada). As pessoas que, por razões profissionais, tenham de estar muito tempo expostas ao sol devem utilizar vestuário adaptado, incluindo com manga comprida. Para além disso, deve ser evitada a utilização de salas de bronzeamento, ou solários. Por fim, outro aspeto importante é a ingestão regular de água. É importante não esquecer que uma queimadura solar é algo sério, devendo, pois, procurar-se ajuda especializada.
- Como se aplica corretamente o protetor solar?
O protetor solar deve ser aplicado quinze minutos a meia hora antes da exposição solar e, dependendo da situação (natação e atividades com transpiração), repetir esta aplicação a cada 2 horas ou depois do banho, mesmo que o protetor solar seja resistente à água. Para além disso, devemos ainda proteger os lábios (protetor solar labial), as orelhas e o dorso das mãos, mesmo em dias com o tempo nublado. De facto, as nuvens não bloqueiam a radiação UV, sendo que até 80% dos raios UV podem passar, daí a importância de aplicar um protetor solar também em dias nublados.
- O que significa o fator de proteção solar de um protetor? Quanto tempo dura?
O fator de proteção solar (SPF) é uma medida da eficácia do protetor solar contra o aparecimento de eritema pela exposição solar (ou seja, a pele ficar vermelha na sequência da exposição aos raios UVB). Se a quantidade adequada de protetor solar for aplicada inicialmente, a reaplicação só é necessária após atividades ou situações que possam remover a camada de protetor solar, como a natação, a transpiração e a fricção. Não existem provas claras que sugiram uma frequência específica de reaplicação na ausência destas situações num período de 8 horas.
- Qual é o fator de proteção mais adequado para cada pele?
Deve ser aplicado um protetor solar de largo espectro, de fator de proteção 30 ou superior (indicado pela sigla SPF), podendo ser utilizados protetores solares com SPF ainda mais elevado, o que poderá compensar o facto de muitas vezes se aplicar uma quantidade inferior ao desejável (situação relativamente comum). Importa salientar que nenhum protetor solar consegue filtrar 100% os raios solares, sendo essencial combiná-lo com outros elementos de fotoproteção (vestuário, chapéu, óculos de sol e guarda-sol).
- O protetor solar à prova de água funciona?
O protetor solar resistente à água deve ser usado em condições de transpiração significativa, imersão em água, aumento da fricção da pele por contacto físico ou contacto com areia. É necessária uma reaplicação imediata para compensar a perda dos efeitos fotoprotetores após qualquer uma destas situações, pois nenhum protetor solar é totalmente resistente à água. Por isso, mesmo que o protetor solar seja “resistente” à água, deve ser repetida a aplicação.
- Qual é a melhor maneira de proteger os lábios e os cabelos da radiação UV?
Deve utilizar-se um protetor solar labial (com um SPF de pelo menos 30) e chapéu (combinado com outros cuidados gerais para proteção do cabelo), mas importa salientar, novamente, que se deve evitar a exposição solar direta no horário de maior risco, devendo privilegiar-se o início da manhã e o final da tarde para as atividades no exterior
7 de Agosto de 2024
